sábado, 27 de setembro de 2008

Revistas (1) - Mundo de Aventuras (15)

BD Publicada

BD Portuguesa.

Continuou a secção Novos da Banda Desenhada Portuguesa, com a divulgação de novos autores de qualidade muito variável.
Baptista Mendes continuou com a suas histórias de duas páginas não só sobre personagens ou factos da história portuguesa, mas também com adaptações de contos de autores portugueses. Foi ainda publicado deste autor A encruzilhada, um western já publicado na revista O pardal em 1962.

Página de A encruzilhada

Outro autor bastante publicado foi Vitor Peon. Além de uma excelente história de Tomahawk Tom nos números 228 e 229, foi também o autor de Aventura nos mares da China, publicada no número 201, uma típica história da banda desenhada português de cariz histórico,

Página de Aventura nos mares da China

assim como de 5 aventuras de Simon Crane. Esta série foi uma estreia no Mundo de Aventuras, embora seja um série criada na fase em que Vítor Peon trabalhou em Inglaterra.

Vinheta de Simon Crane, a "série inglesa" de Vitor Peon

José Ruy teve uma pequena biografia sobre Columbano, publicada no número 275. Ainda dentro dos autores portugueses já consagrados saliente-se a reedição de duas histórias de José Garcês. Uma pertencente à série Texas Jack, no número 236, publicada originalmente na revista Zorro, e outra, reeditada da revista Pisca-pisca, no número 234, A embaixada de El rei d. manuel I ao papa.

Vinheta de Texas Jack desenhada por José Garcês

O mais internacional dos autores Portugueses, Eduardo Teixeira Coelho, apareceu com a continuação da série Cartouche, com mais três episódios, e uma estreia, Biorn, uma série sobre Vikings, uma das temáticas preferidas do autor e de que forma publicados dois episódios.

Biorn de Eduardo Teixeira Coelho

Mas outros dois autores começram a ser publicados. António Carichas com a criação de uma série de ficção científica, Toncari, que teve 7 episódios, onde a nudez das mulheres sobressai perante o texto, e mais duas outras histórias, Jo, a rapariga de Marte, e Regresso ao lar. Duas histórias na mesma linha gráfica e temática de Toncari.

Vinheta de Jo, a rapariga de marte. O erotismo sempre presente na obra de Carichas

Um outro autor, com desenhos que prometiam evolução qualitativa e com argumentos de boa qualidade foi Zénetto. Apresentou a história Os estilistas e um série nova, de que foi publicado um episódio, Tempos de Apocalipse.

Vinheta de Tempos de Apocalipse

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Revistas (1) - Mundo de Aventuras (14)

Este novo conjunto de textos abordará as revistas publicadas desde o numero 183, de 31/3/77 ao 279, de 8/2/79.
O número 183 além de representar mais um aumento do preço da revista, que passou para 10$00, serviu também para o início do segundo volume de Clássicos da Banda Desenhada e de mais uma história destacável: A dama Eterna , uma adaptação de uma obra literária de H. Ryder Haggard, ilustrada pelo italiano Guido Buzzelli.

Vinheta de A dama eterna

A passagem do tempo foi decorrendo tornou notória a tendência de diminuir as páginas dedicadas às diferentes secções, situação evidente no facto de várias histórias de séries belgas com 44 páginas passarem a ser publicadas apenas num número, situação que nunca ocorrera desde que se iniciara a presente série.
Apesar da diminuição da frequência na publicação das diferentes secções, com excepção de Mistério Policiário, surgiu uma nova secção: Banda desenhada – espaço português, da autoria de Belém Valente, novas séries de Arquivos da banda Desenhada, de Orlando Marques, e um interessante conjunto de apontamentos sobre as origens do cinema português na secção Visor.
No número 268 começou a ser publicado o resumo dos episódios da série Os cinco, que há época passava semanalmente na televisão. No número 276 surgiu a secção Miscelânea.
Continuou a publicação com bastante regularidade de contos. Mantiveram-se os autores que já antes tinham sido publicados, Orlando Marques, Teresa Franco, Roy West, Edgar Caygill, e houve o aparecimento de um novo autor, A . Fresco Pereira ( Tony Freeper). Os ilustradores das narrações foram Zé Netto, António Carichas, Baptista Mendes, António Barata, Vítor Peon e J. Mangericão. Surgiram alguns contos cujas ilustrações não têm o autor identificado.
Alguns dos contos publicados, nomeadamente os da autoria de Orlando Marques ,surgiram com uma extensão até então não usada, ocupando vários números. De salientar D. Sabre , o justiceiro, devido à sua extensão e às muitas ilustrações de António Barata.


Ilustrações de D. Sabre, O justiceiro

No número 196 foi publicado o resultado de um inquérito realizado sobre as preferências dos leitores da revista. As séries classificadas nos vintes primeiros lugares foram , do primeiro para o vigésimo: Fantasma, Rip Kirby, Mandrake, Archie Cash, Garth, Jerry Spring, X-9, Flash Gordon, Paul Foran, Tarzan, Buck Danny, Príncipe Valente, Johnny Hazzard, Korak, Tiger Joe, Dick, o avançado centro, Brick Bradford, Christian Vanel, Big Ben Bolt e Sandokan.
De salientar que das séries das revistas de comics americanas apenas figuram Tarzan e Korak, que as séries belgas publicadas estão todas nestes vinte, e que a preferência vai sem dúvida para as séries americanas provenientes dos jornais.
Mais um aspecto a salientar. A ausência de séries de humor. Leitores mal-humorados.
A revista foi editando de acordo com os gostos dos leitores, dando primazia às séries norte-americanas, seguidas das belgas, embora insistisse também nos autores portugueses.
Foram publicadas entrevistas a vários autores. A Gabi Arnao no número 183, Isabel Lobinho no 188, Carlos Zíngaro no 198, José Garcês no 200, Baptista Mendes no 222, Tito no 230, Artur Correia no 248, Fernando Bento no 258, Victor Mesquita no 272 e José Ruy no 275.
Sobre autores foram publicados vários artigos. No número 184 sobre Frank Robbins, no 186 sobre Guido Buzzelli, nos 192 e 194 sobre José de Lemos, no 216 sobre José Ortiz, nos 228 , 229 e 254 sobre Vitor Peon, nos 234 e 236 sobre Jose Garcês, no 243 sobre Ricardo Neto e no 266 sobre António Barata.

O humor de José de Lemos

Sobre séries, no número 187, Ka-zar; nos 192 e 203, X-9; no 196, Friday Foster; nos 198 e 267, Big Ben Bolt; nos números 208, 220 e 249, Fantasma; no 221, Capitão Kate; no 227, Rip Kirby; no 231, Steve Canyon; no 234, Kerry Drake; no 239, Mandrake; nos 248 e 278, Cisco Kid e no 259 Boinas Verdes.
Como curiosidade fica o facto de os números 196 e 197 terem saído com a numeração trocada.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Séries de que eu gosto (9) - Tónius, o Lusitano

No dia 10 de Maio de 1979 era feita uma segunda tentativa de fazer vingar uma versão portuguesa da revista Spirou.
Junto com as séries belgas havia também a publicação de autores portugueses.
Logo nesse primeiro número iniciava uma série bem portuguesa: Tónius, o lusitano. Os desenhos eram de J. André e o texto de F. Tito. A primeira aventura chamava-se A truta de ouro.
Tónius é um Lusitano, que já em pleno domínio visigótico da península, mantém os costumes e tradições lusitanas. Vive na aldeia de Pedróbriga onde com os seus amigos resiste aos invasores árabes.
A série tem características humorísticas, com forte uso de trocadilhos com os nomes das personagens e das localidades.
A apresentação das personagens é feita em duas páginas antes do início da primeira aventura.
Temos a personagem principal, Tónius,

e os seus dois amigos Chicolindus

e Tigágus

Existem ainda o chefe da aldeia, Herminius

e o feiticeiro, Videntius.

Do lado havia muçulmano o guardador da truta Mohamed Ali Vou Já.

A história foi publicada ao ritmo de duas páginas por número, num total de 44 páginas.

Página de A truta de Ouro
No final anunciava-se uma nova aventura, que ocorreria nas Astúrias.
Tal viria a suceder com a publicação em álbum, no ano de 1981, pela Editorial Pública de Uma aventura nas Astúrias, também com 44 páginas.

Página de Uma aventura nas Astúrias

A série teve divulgação em alguns países da Europa, Bélgica, Holanda e Finlândia, com a publicação de três álbuns. Apesar dessa internacionalização Tónius não resistiu e após a publicação de 3 episódios os autores desistiram da contiuação.
Houve quem criticasse a série apresentando-a como uma versão lusitana de Asterix. Parece-me injusto, pois se há algumas semelhanças, como o facto de se estar perante a resistência a um invasor, as diferenças também são muitas, começando pelas próprias características das personagens. Embora os argumentos não sejam o ponto forte da série, há no entanto um excelente aproveitamento da sonoridade das palavras e das frases para aumentar as características humorísticas da série. A forma dada aos balões e os desenhos das letras também são um pormenor a ter em conta nesta série, fazendo parte integrante da estrutura visual. Está-se perante um bom exemplo do aproveitamento da técnica da construção da banda desenhada. O conteúdo textual, a apresentação do texto e o desenho harmonizam-se, num trabalho final, de agradável leitura.

Episódios
A truta de ouro, Spirou 1 a 22, de 10/4/79 a 4/9/79; Jornal da BD 115 a 120 de 16/10/84 a 20/11/84
Uma Aventura nas Astúrias, Editorial Pública, 1981; Jornal da BD 159, 20/8/85
A invasão dos Alfas, publicada na Bélgica ( penso não existir edição portuguesa)

Houve um projecto de um quarto episódio, A pedra do norte, já com o argumento completo, que ficou com apenas 6 pranchas desenhadas.
Havia ideia para um quinto, Tónius e as sete maravilhas do mundo, que unca passou da fase da ideia.

Fontes
Spirou ( 2ªsérie), nº1 a 22.
Uma aventura nas astúrias, Editorial Pública
Jornal da BD 171, 12/11/85

Capa de Uma Aventura nas Astúrias

domingo, 14 de setembro de 2008

Capas (10)

Capa do Mundo de Aventuras publicado em 6 de março de 1975

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Capas (9)

Capa do Mundo de Aventuras número 80, da então designada V série e posteriormente II, de 10 de Abril de 1975.
O desenho refer-se à história de Tarzan publicada, e, embora não estando assinada, parece pertencer ao inconfundível estilo de Joe Kubert.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Revistas (1) - Mundo de Aventuras (13)

Outras séries

A restante banda desenhada editada correspondeu a séries que já anteriormente tinham sido publicadas. Algumas com publicação recente de alguns episódios, mas outras em que tinha havido um longo interregno.
As séries norte-americans continuaram a predominar.
Big Ben Bolt e Brick Bradford apenas viram um episódio a ser publicado. Mais interessante o de Brick Bradford, nos Classícos da Banda Desenhada, com desenhos de Clarence Gray e argumento de William Ritt que datava de 1936.
Conan, que parecia ser uma aposta da revista, teve 4 episódios publicados, mas nunca mais houve qualquer aventura publicada deste herói, assim como de Warlock, com um episódio.
A série do futebolista Dick, o avançado-centro, de José Luís Salinas teve a publicação de mais dois episódios e Fantasma, uma das séries mais publicadas ao longo dos anos, teve 3 episódios.
A publicação de episódios de Flash Gordon merece ser destacada. Um dos episódios, publicado no suplemento Clássicos da Banda Desenhada, datava de 1936 e 1937 reproduzindo as inimitáveis páginas desenhadas por Alex Raymond. Obviamente que foi publicado no suplemento. As restantes 4 histórias, fugindo à habitual edição proveniente das tiras diárias ou das páginas dominicais dos jornais, provinham das revistas de comics. O seu autor foi Reed Crandall.

Vinheta de Flash Gordon desenhada por Reed Crandall
Os Clássicos da Banda Desenhada trouxeram mais um retorno, Jim das Selvas, desenhado por Alex Raymond, que devido ao reduzido tamanho das vinhetas nesta edição, não atinge a espectacularidade gráfica que o seu desenho possui..
Johnny Hazard teimava em se manter em publicação, com mais duas histórias,

Tira de Johnny Hazzard

e de Korak surgiam quatro. Pela qualidade dos desenhos devem salientar-se os episódios desenhados por Murphy Anderson.

Korak por Murphy Anderson



O “ pai” de Korak, Tarzan, teve cinco histórias desenhadas por Joe Kubert.

Vinheta de Tarzan


Mandrake, outra das séries pilar desta revista, surgiu com três histórias, algumas abordando temas já aparecidos em tempos, como a que saiu no n.º 135, onde há uma invasão de insectos gigantes, situação inspirada num episódio do tempo em que a série era desenhada por Phil Davies.

Tira de Mandrake


Principe Valente surgiu uma única vez e Rip Kirby por três.

Vinheta de Principe Valente

Uma série publicada no suplemento dos Clássicos da banda Desenhada, já não surgia desde 16/8/56, Terry e os Piratas.
Da dupla Al Williamson, Archie Goodwin, foram publicados dois episódios de X-9, já renomeado, Agente Secreto Phill Corrigan. dDe Tim Tyler, no suplemento, uma aventura de 1935, O reino do passado.

Tira de Tim Tyler


Das séries europeias, continuou a publicação de 5xinfinito, com um episódio, no n.º 147.
Ainda na ficção científica Perry Rhodan também surgiu uma vez. Do holandês Pieter Kuhn surgiu mais um episódio de Capitão Audaz.

Vinheta de Capitão Audaz

Buck Danny nos números 133 e 134 continuava a combater na ásia, desta vez com o episódio, Os tigres voadores. Garth com mais duas histórias muito interessantes, onde um toque de erotismo e sensualidade paira sempre sobre a acção, em O navio do inferno e A noiva de Genghis –khan, e Jerry Spring , com dois episódios, também marcaram presença. Este último teve um episódio curto de 27 páginas no n.º 137, publicado sem título, e uma história de 44 páginas, Pancho fora-da lei, nos números 165 e 166.

Tira de Garth em A noiva de Gengis-Khan

Da Inglaterra chegou a continuação de mais duas séries, com dois episódidos de cada uma. O maravilhoso mini de Martin e O Justiceiro da floresta.

Página de O Justiceiro da Floresta

Das séries de cariz policial apareceu mais um episódio do britânico Paul Temple e três de Paul Foran.
Sunday do espanhol Vítor de La Fuente surgiu com um único episódio, assim como Wes Slade.
É visível que durante estes números analisados, apesar do aumento da publicação da BD de origem europeia a revista continuou a ser o meio de maior divulgação da banda desenhada norte-americana em Portugal.

Fontes

Mundo de Aventuras ( nº 118 a 181)
http://www.lambiek.net/artists/f/fagarazzi_daniele.htm
http://www.lfb.it/fff/fumetto/aut/m/milani.htm