quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Autores - Vitor Péon(1)

Vítor Amadeu Batista Péon Mourão nasceu em 3 de Abril de 1923 em Luanda, território português à época.
O seu gosto pelas artes poderá ter tido um primeiro impulso ainda em África, quando criança passava horas nas sanzalas a ver os indígenas escultores trabalhar.
Iniciou a escola primária em Angola, mas com 10 anos os pais regressaram a Portugal e Vítor Péon terminou este grau de ensino na Escola Primária D. Pedro V, de onde transitou para a Escola Industrial Marquês do Pombal com o objectivo frequentar o curso de serralheiro mecânico.
A sua vontade de seguir este curso era reduzida com o jovem Vítor distinguindo-se no desenho, fazendo os trabalhos dos seus colegas. É nesta altura que descobre a banda desenhada na revista O Mosquito. Também um professor, José Maria Campas, lhe aguça a vontade de seguir outro caminho, quando lhe conta, nas aulas, a sua vida de artista em Paris.
Aos 14 anos abandonou a escola, com o objectivo de poder seguir a sua vocação de desenho e pintura,e foi trabalhar para a secção de fotogravura da Bertrand & Irmãos, onde aprendeu artes gráficas.
Mas o sonho de ser artista continuava, não de apenas ser um artista gráfico, e por isso foi trabalhar numa empresa que aplicava o novo processo de galvanoplastia para colorir metais preciosos. O seu trabalho consistia em desenhar aldeias e outros motivos portugueses que eram gravados em salvas de prata destinados a um pavilhão comercial na Exposição do Mundo português.
Além deste trabalho fazia cartazes publicitários para montras.
Aos 16 anos foi admitido no Ministério da Agricultura como desenhador de frutas, não permanecendo, no entanto, muito tempo nesse serviço
Em 1941 conseguiu entrar para a Rádio Marconi, onde trabalhou como boletineiro e nos serviços internos. Nesta empresa fez um jornal de parede.
A sua actividade no jornal de parede permitiu-lhe participar numa exposição para funcionários da empresa, onde expôs aguarelas e modelos de aviões, onde se evidenciou, chegando o seu nome a ser citado no Diário de Notícias.
Os seus trabalhos expostos também foram notados por uma administrador da empresa e, com o apoio deste, conseguiu entrar na Sociedade Nacional de Belas-Artes no curso livre de desenho.
Ao fim de 3 meses achava-se já farto da monotonia do curso, que só usava modelos fixos. Um dia pediu a ao professor para fazer um esfolado (figura animal ou humana sem pele) e apesar de o professor não o achar capaz ele conseguiu.
Entretanto saiu da Marconi e foi trabalhar como pintor de móveis, desenhando motivos orientais. Em 1940 faz o seu primeiro trabalho para O Aventuras, uma edição de O Mosquito. Tratava-se de uma ampliação de uma desenho de Reg Perrot de Red, o vingador.
Foi em 1943 que publicou a sua primeira banda desenhada na revista O Mosquito, entre os números 396 e 423: Falsa acusação. Era uma história ao estilo inglês com o texto em legenda debaixo das vinhetas.

Falsa acusação

O juramento de Dick Storm,
O juramento de Dick Storm
O enigma da mão enluvada,
O enigma da mão enluvada
Filibusteiros,
Filibusteiros
Frank do serviço secreto
Frank do serviço secreto
e O explorador perdido foram as histórias que se seguiram.
O explorador perdido

Desenhou ainda, no Almanaque O Mosquito e A Formiga, O neto de Cartouche.
O neto de Cartouche

As suas primeiras histórias eram escritas por ele, com Raul Correia a fazer a supervisão do texto.
Durante essa época ia estudar a anatomia dos cavalos para o Picadeiro da Guarda Nacional republicana.
A sua entrada na tropa para a arma de cavalaria deu-lhe uma possibilidade acrescida para estudo dos cavalos. Chegou a ser dispensado de guardas e paradas para desenhar cavalos para o regimento. Mesmo no quartel continuava a desenhar para O Mosquito.
Vitor Péon aos 26 anos

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