segunda-feira, 30 de junho de 2008

Revistas (1) - Mundo de Aventuras (3)

Do número 1 ao número 53 (b)

O conteúdo

A mudança de formato do Mundo de Aventuras foi praticamente a única novidade que surgiu com a transformação. As séries mantiveram-se globalmente as mesmas. A selecção de histórias que vinha da anterior série de numeração não se alterou, podendo afirmar-se que o maior ganho residiu no facto de se poderem ver as tiras das séries provenientes de jornais inteiras, assim com as páginas do Príncipe Valente sem remontagem das vinhetas.
Houve um forte abuso das histórias das páginas dominicais, mais curtas do que as das tiras, provavelmente para acabar de preencher a revista.
Novidades? Quase nenhumas.

Continuou o mau hábito de não indicar o autor de algumas das histórias, nas situações em que essa identificação seria possível, e de fazer desaparecer a assinatura nas tiras ou as datas e o ano de publicação.

Tira de Rip Kirby com data e assinatura apagadas

A predominância dos clássicos americanos, distribuídos quase na totalidade pelo King Features Syndicate, é o facto mais evidente. Do material vindo dos Estados Unidos escapam a este monopólio a ecológica série Mestre João, Mark Trail no original, e Steve Canyon.
Das 112 histórias publicadas nestes 53 números, 69, mais de metade, têm essa proveniência além-atlântico, destacando-se Fantasma, com 11 histórias e Big Ben Bolt com 10, embora 4 delas sejam no mesmo número da revista, todas seguidas e sem indicador de separação.
De Big Ben Bolt nada a salientar, mostrando já o declínio da série, e do Fantasma há duas ou três histórias interessantes, a começar logo com a publicada no n.º 1, com 150 tiras, e que foi a primeira do desenhador Sy Barry. Também Os piratas do ar publicado no n.º 20 foi uma aventura com interesse.

Tira de Os piratas do ar

Com Mandrake a situação é semelhante, com as pequenas histórias sem interesse das páginas dominicais. Salienta-se O mundo da droga, em tiras diárias, que dá mais um episódio da interessante luta entre o mágico e a organização criminosa 8.
Rip Kirby surgiu com as aventuras possíveis para a época, já com histórias menos interessantes que as do início dos anos sessenta. Era o que havia. De salientar no número 10, A bela condessa, e O segredo do velho mineiro no número 34.
De Johnny Hazzard pode dizer-se o mesmo que para Rip Kirby, só que um bocadinho para pior. Aliás o herói iria "morrer" dentro de poucos anos dada a sua falta de interesse.
As histórias de Steve Canyon não eram nada de entusiasmar, mas só pelos desenhos de Milton Caniff valia sempre a pena ler os episódios.

Tira de Steve Canyon

De Brick Bradford, por Paul Norris, também surgem 4 aventuras. Fracas as provenientes das páginas semanais, de melhor qualidade O homem dos dólares de prata, no último número deste formato, proveniente da tira semanal.
Tim Tyler das páginas dominicais é mau, com histórias sem argumento e desenhos de qualidade que não entusiasma. Melhora um bocadinho nas tiras diárias.
Princípe Valente continua a sua saga que já vem do outro formato. Desenho de qualidade, argumento com interesse variável. Apesar do formato gigante da revista, a primeira vez que é publicado, no número 26, as páginas originais são destruídas, não se publicando a história com a estrutura primitiva.
De salientar o início da publicação de Hagar no número 42. Uma lufada de bom humor. Pete o vagabundo, no número53 é mais uma série humorística americana.

Vinheta de Hagar


Capitão Kate fez a sua estreia no Mundo de Aventuras com uma pequena história da página dominical, que não permitiu vislumbrar grande interesse na série.
Flash Gordon semanal não entusiasmou em O mundo Robot.
As histórias de X-9, se descontarmos algum empenhamento político pró-americano do argumento, são da fase mais interessante de Bob Lewis, a fase inicial.
Saxon, de Ken Bald, é mais uma série que surge no nº 36, mas que não deixou rasto.
O mesmo sucedeu com Steve Roper, que surgiu numa história interessante no número 39, e que teve que esperar oito anos para ver mais um episódio publicado na revista.
O Mestre João tem duas páginas para falar acerca da natureza.
Dos Estados Unidos surgem duas pequenas histórias de Western desenhadas por Al Williamson. O argumento é mau e não dá para perceber o desenho. A impressão foi de má qualidade.
Ainda dos EUA chega uma história de Tarzan, remontado, sem se perceber se o original era tira ou não. Sem grande interesse.

Também dos jornais, mas de Inglaterra, continuam algumas boas séries: Paul Temple, Garth e Matt Marriott, que se apresentam num total de 11 histórias
De Garth sakliento uma excelente historia no n.º 12, desenhada por Frank Bellamy, com uma viagem no tempo à Veneza dos Bórgias. Das melhores histórias deste autor.

Tira de Garth em Uma Aventura em Veneza

A vingança de urso corredor, no número 17, e Uma nota de 10 dolares no número 24 são a prova do mal que o formato anterior fez à excelente série Matt Marriott.
Paul Temple, que surge por seis vezes, apresenta sempre histórias policiais interessantes do ponto de vista do argumento, com desenho de qualidade.


Vinheta de Paul Temple

Da Inglaterra, provenientes de várias revistas, continuava a publicação de um conjunto de séries e histórias pouco entusiamantes, situação que era um prolongamento do formato anterior. Logo no número dois surgem uns Ases Derrapantes que derraparam de vez e ninguém mais os viu, uma House of dolmann para esquecer, e um Typhoon Tracy, também conhecido por Ciclone Tracy e Furacão Tracy, que nunca mais era levado pelo vento, visto ter voltado à revista mais três vezes.
General Johnny foi mais uma série a querer mostrar a supremacia inglesa na 2ª guerra mundial.
Surgiram O maravilhos mini carro e A família selvagem, com histórias que por si não fizeram elevar o nível da revista.
Deste pacote inglês de realçar o inicio de O justiceiro da floresta que nos levava à Idade Média inglesa. Razoável.
Os Maravilhosos Wild não convenciam, quer em termos de desenhos, com as suas personagens de olhos arregalados, quer em termos de argumento. Também o Cérebro Drayne, com apenas uma história não deu ver o que valia.


Neste grupo vindo das revistas inglesas há 15 histórias a contabilizar.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Revistas (1) - Mundo de Aventuras (2)

Do número 1 ao número 53 (a)

O novo formato

A anterior série do Mundo de Aventuras, devido ao seu reduzido tamanho, foi responsável por mutilar muitas bandas desenhadas. Cortavam-se parte das vinhetas, eliminavam-se outras, os balões eram muitas vezes exagerados.
A nova série anunciava-se com “ O dobro do formato, o dobro da emoção” e prometia respeitar os enquadramentos originais das histórias.
Anunciava também a grande surpresa da contracapa a cores, com um poster de ídolos do espectáculo ou do desporto. Esta promessa só se manteve até ao número 8, tendo a partir desse número a contracapa sido ocupada com publicidade.
O novo formato funcionava bem com as histórias por tiras, que podiam assim ser enquadradas de melhor forma, mas já não suportava de forma tão aceitável outro tipo de histórias publicadas originalmente em formatos mais pequenos que os da revista.
As capas usavam quase sempre algumas imagens das histórias publicadas no seu interior. O papel usado na revista era de má qualidade.
Este formato durou 53 números, com 32 páginas, com excepção do número 46, comemorativo do 25 º aniversário, que teve 64. Todos ao preço de 5$00, excepto o número de aniversário que custava 10$00.

Capa do n.º 1 da nova série

A promessa feita no editorial do número 1, de respeitar o tamanho natural dos desenhos, depressa foi esquecida. No número 2, surgiu uma história de Typhoon Tracy em que as vinhetas engordaram significativamente da primeira para a segunda página.
No número 5 surgiu um editorial, com o título Conversando, onde se anunciava uma secção de Anedotas ilustradas, com um prémio de 150$00 para cada uma que fosse publicada. Também se anunciava uma secção de Cartas ao Director a iniciar no número seguinte
No número 7 surgiu, com um número de atraso, a prometida página com resposta ao correio recebido dos leitores, mas ou os leitores deixaram de escrever ou o Director se esqueceu de responder. Até à mudança de formato nunca mais houve correspondência respondida..
A partir do número 9 surgiu uma página chamada Um conto por semana, onde apareceram histórias escritas por António Madeira Santos e Jorge Magalhães, que rapidamente perdeu a regularidade semanal.
No número 10 surgiu pela primeira vez a prometida página com anedotas ilustradas pelos leitores. No número 14 saiu mais uma ilustração de um leitor e o assunto ficou arrumado.

Surgiu pela primeira vez , no número 23 um texto sobre banda desenhada, no caso um texto de Jorge Magalhães sobre a série Fantasma. No número 26 foi sobre Johnny Hazard, no 34 sobre Alex Raymond, no 37 abordou-se a saga do Principe Valente, no 44 centrou-se na personagem de X-9 e no número 45 houve uma entrevista com Hugo Pratt. No 47 apareceu um texto sobre Rip Kirby.
As histórias publicadas em cada número eram completas, com uma excepção. Uma história iniciada no número 49, A badalada do diabo, apenas concluiu na revista seguinte.

Anuncio de uma aventura de Robin dos Bosques desenhada por Eduardo Teixeira Coelho

Na maior parte dos números foram publicadas duas histórias diferentes. 12 vezes a revista saiu apenas com uma história, 11 revistas saíram com três histórias e 3 vezes foram publicadas 4 .
Como uma das histórias foi dividida por dois números, ficamos com um total de 112 histórias diferentes nos 53 números
O número 48 anunciava uma nova remodelação da revista para breve.

O número 53 prometia um novo formato ao mesmo preço.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Revistas (1) - Mundo de Aventuras (1)

Os primeiros 25 anos

Fazendo justiça ao nome do blogue, será a revista Mundo de Aventuras a primeira a ser relembrada aqui neste espaço.
O Mundo de Aventuras surgiu em 18 de Agosto de 1948 com 11 histórias.

Capa do Mundo de Aventuras n.º 1


A 22 de Junho de 1959 reduziu o formato, apresentando-se como “ Semanário Juvenil para maiores de 17 anos”.

Capa do Mundo de Aventuras n.º 45

Nova alteração ocorreu em 17 de Julho de 1958, com nova redução de formato e o início de separatas a cores.

Capa do Mundo de Aventuras n.º 463

Não durou muito tempo este formato, e no número 512, publicado em 2 de Julho de 1959, as dimensões da revista passam ainda a ser menores, quase de bolso, situação que prevaleceu até ao número 1252, publicado em 20 de Setembro de 1973.

Capa do Mundo de Aventuras n.º 512

Poderíamos contabilizar 4 séries, e foi por isso que em 4 de Outubro de 1973 saiu o número 1 da então designada V série. Mais tarde, a partir do número 280, esta série é renomeada como II série, agrupando todas outras 4 numa única, e dividindo a publicação não em termos de formatos mas de sequência de numeração, o que me parece mais eficaz, e será assim que a partir de agora a designarei.
A análise que irei fazer irá incidir para já sobre esta II série que se iniciou em 1973, por ser aquela que eu melhor conheço, dado ter todos os números publicados, por ser a que mais me marcou em termos de “iniciação à BD” e por ser uma das revistas mais importantes na publicação da banda desenhada em Portugal. Mais tarde irei à série anterior.


Fontes consultadas

Mundo de Aventuras 1 (II)

http://www.comics-portugal.info/Comics

domingo, 22 de junho de 2008

Séries de que eu gosto (6) - Cartouche

Saber o que faz alguém gostar de uma BD não é fácil de descrever. Há séries com bons desenhos, séries com bons argumentos e séries de que se gosta. Nem sempre os três factores são cumulativos.
Neste caso estou perante uma situação dessas. Será das séries mais desinteressantes de Eduardo Teixeira Coelho, em que não surgem desenhos excepcionais, alguns até têm qualidade bastante baixa, o argumento é simples e linear, mas é no entanto uma série de aventuras agradável de ler.
A série foi criada para uma revista de formato pequeno, 130x180, que se designava ela própria Cartouche, situação que provavelmente não obrigava a grande pormenores na parte artística, dado o tamanho com que as vinhetas ficavam.
Louis Dominique Cartouche, assim ele se apresenta perante Jehan Gasserin, chefe da milícia, logo no primeiro episódio da série, é um fora-da-lei francês do tipo “rouba aos ricos para dar aos pobres”. O seu quartel-general é em Paris.
Os seus adversários, sobre quem sempre leva sempre a melhor, são:



Croizille, chefe da polícia,



Cardinal, um inspector da polícia,



e o tenente Hector Bragance


Os seus companheiros de luta são:


Robert Garguille, ex-ajudante de procurador,


Gratelard, comediante,

Truber, ferreiro de profissão e cirurgião de alcunha, e


Gros-Cousin, a quem não se conhece qualquer actividade.



São estes quatro elementos que coadjuvam Cartouche na luta contra as injustiças reais.
Refira-se ainda a filha de Croizille, Florette, que tem uma paixão por Cartouche, defendendo-o acaloradamente perante o pai.

A impressão de algumas páginas não é a melhor, com os desenhos a serem pouco nítidos e em outros casos a ficarem com borrões de tinta escura.
Os desenhos de Eduardo Teixeira Coelho estão longe dos seus melhores trabalhos, com um grande descuido em relação ás imagens de fundo nas vinhetas, não existindo qualquer fundo ou então existindo cenários atabalhoados.



Página inicial do 2º episódio na revista Cartouche nº2

Apesar dos maus acabamentos, os desenhos mantêm aquele que é um das melhores atributos de Coelho. A capacidade de revelar sentimentos através dos rostos. Apesar de nesta série as fisionomias serem quase caricaturais para algumas personagens, as emoções que expressam são sempre nítidas e bem desenhadas: o medo, a alegria, a tristeza e a paixão surgem sempre nas faces desenhadas de forma bem explicita.
Esta personagem, Cartouche, é inspirada num bandido francês com o mesmo nome. Na ficção Cartouche vence sempre, na realidade não aconteceu desse modo.


Episódios

Sobre os primeiro sete episódios não há qualquer dúvida. Foram publicados originalmente na revista Cartouche e foram também foram em Portugal.
A partir daí informação que se encontra é divergente.
Mas de acordo com Leonardo de Sá e António Dias de Deus, houve 12 números da revista, com outros tantos episódios.
Mais tarde, outro desenhador terá feitos novos episódios.

Publicados em Portugal.

La coquille d'or, publicado em Cartouche nº1, em Setembro de 1964; A concha de ouro na edição portuguesa, publicada no Mundo de Aventuras 174 de 27 de Janeiro de 1977.

Cartouche s’en mêle, cartouche nº2, Outubro de 1964; Cartouche diverte-se, Mundo de Aventuras nº 193 em 9 de Junho de 1977; Selecções nº 241, Outubro de 1981

Cartouche et le testament, Cartouche nº 3, Novembro de 1964 ; O testamento, Mundo de Aventuras 224, de 12 de Janeiro de 1978

Cartouche ouvre le bal; Cartouche nº 4, Dezembro de 1964; Cartouche abre o baile, Mundo de Aventuras 254 de 10 de Agosto de 1978

Seul contre tous, Cartouche nº 5, Janeiro de 1965; Só contra todos, Mundo de Aventuras 308 de 30 de Agosto de 1979

La tour, prends garde; Cartouche, nº 6 Fevereiro de 1965; Em guarda, la Tour, Mundo de Aventuras 340 de 10 de Abril de 1980

La rose d’Or, Cartouche nº 7, Março de 1965; A moeda de ouro, Mundo de Aventuras 485, de 27 de Janeiro de 1983


Não publicados em Portugal

L’équipée de Montrougue, Cartouche nº 8, Abril de 1965
Royale Picardie, Cartouche nº 9, Maio de 1965


Fontes consultadas
http://fr.wikipedia.org/wiki/Louis_Dominique_Cartouche http://jeunesseetvacances.free.fr/cartouche/index.htm ( imagem das capas cartouche)
Dias de Deus, António; De Sá, Leonardo, (1998), ET Coelho A arte e a vida, Edições Época de Ouro
Mundo de Aventuras ( V série): 174, 193, 224, 254, 308, 340, 485



quinta-feira, 19 de junho de 2008

Capas (6)

Capa do Mundo de Aventuras n.º 449, de 20 de Maio de 1982, com mais uma aventura de X-9.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Capas(5)

Capa do Mundo de Aventuras n.º 236 de 6 de Abril de 1978, anunciando uma aventura de X-9.

sábado, 14 de junho de 2008

Séries de que eu gosto (5) - X-9 (4)

A minha colecção

Na minha colecção tenho 57 histórias de X-9, o que não chega a 25% das cerca de 240 aventuras publicadas. Mesmo assim, das que foram publicadas em Portugal em revistas ou álbum possuo a grande maioria.
1ª página do Mundo de Aventuras n.º 288

De Alex Raymond possuo a totalidade dos episódios. Falta depois a fase de Flanders e Nicholas Afonsky, de que não possuo qualquer exemplar.

Página de O Pirilau n.º 7 com X-9 ( John da Costa)

De Briggs possuo o primeiro episódio por ele desenhado, publicado no Mundo de Aventuras 203 a 208 entre 18/8/77 e 22/9/77.
Dos 20 anos de Mell Graff apenas possuo 5 episódios, onde se encontram algumas das tiras assinadas por Paul Norris.
Alguns destes episódios são da revista Policial, editada na década de sessenta pela Agência Portuguesa de Revistas com uma edição não muito cuidada. De indispensável leitura no entanto para melhor se compreender este período da série.
Desta fase de Mel Graff o Jornal do Cuto publicou uma excelente história, mais tarde editada nas Selecções do Jornal do Cuto. Trata-se de Um caso complicado, publicada em 174 tiras. Uma história que vale a pena ler.
Da época em que a série foi desenhada por Bob Lewis possuo a quase totalidade dos episódios, desde edições com qualidade razoável a outras péssimas.
Da fase de Al Williamson tenho 18 episódios que terminam em 1978, dois anos antes de ele abandonar a série.

Duas tiras desenhadas por Al Williamson

De George Evans, o mais recente e derradeiro desenhador, nada conheço.

Este conjunto de textos abordou as tiras de jornal, havendo também episódios feitos por outros desenhadores publicados em revistas.
Em Portugal, na revista Selecções, surgiram 2 episódios desenhados por Al Williamsom, com texto de Archie Goodwin, mas não os considero relevantes no conjunto das aventuras da personagem pois estão longe da qualidade das tiras.

Tira com uma só vinheta de Al Williamson

Fontes consultadas (no conjunto dos 4 posts)

http://www.ing.umu.se/~me00aen/agentx9.html
http://es.wikipedia.org/wiki/Alex_Raymond
http://www.fantasymundo.com/articulos/287/flash_gordon
http://tintaylapiz.ning.com/profiles/blog/show?id=1719203%3ABlogPost%3A902
http://www.las9musas.net/comics/diccicomic/autoresc/gcomic/tbg.html
http://www.toonopedia.com/x-9.htm
http://www.thrillingdetective.com/x9.html
http://www.comicartclub.com/perso/sax9/sax9.htm
http://www.bedeteca.com/index.php?pageID=recortes&recortesID=1189
http://br.geocities.com/bdnostagia/agente_secreto_x.htm
http://www.comics-portugal.info/Comics/Hero/index2.html?hero=Secret_Agent_X9
http://www.keefestudios.com/flashfile/raymondbio.html http://www.jimkeefe.com/studio/williamson/williamson.htm
Antologia da BD Clássica 11, Editorial Futura
Mundo de Aventuras Especial nº5
Selecções do Jornal do Cuto
Zink, Rui, (1999), Literatura Gráfica - Banda Desenhada Portuguesa Contemporânea, Oeiras, Celta Editora

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Séries de que eu gosto (5) - X-9 (3)

Publicação em Portugal

A primeira referência que encontrei foi O Pirilau, que iniciou a publicação de Revolveres silenciosos, a segunda história de X-9, em 4/11/1939. Não sei se será a pioneira, mas sem dúvida que é de realçar que esta publicação tivesse ocorrido apenas 5 anos depois do surgimento da série nos Estados Unidos.
Em 1944 a revista Diabrete também publicou a série seguindo-se o Mundo de Aventuras em 1949.
A série teve um problema, com a proibição pela censura da sua publicação nas revistas de banda desenhada em 1954.
Pela qualidade da impressão, e a vantagem do formato em que foram publicadas, devem referir-se os episódios publicados no Mundo de Aventuras Especial, desenhados por Al Williamsom, assim como alguns no Jornal do Cuto. Há uma revista editada pela Portugal Press , num número único em formato grande, com uma aventura da fase Mel Graff ,que vale a pena ler, com um episódio de excelente argumento.

Capa da revista edidata pela Portugal Press

Não perder também os episódios publicados no Mundo de Aventuras nos primeiros 53 números da V série (ou II como mais tarde foi designada), que embora não sejam beneficiados pela qualidade do papel, ficaram com um tamanho excelente devido ao formato da revista.
A maior parte das histórias foram publicadas no Mundo de Aventuras, com qualidade de impressão variável, mas raramente boa. Algumas foram publicadas com 5 tiras por paginas, todas muito muito próximas umas das outras, situação que não tornava agradável a leitura.
Com falta de vinhetas, com reduções extremas dos desenhos, ou mutilações “criminosas”, surgem alguma publicações em pequeno formato. Na Colecção Acção, um conjunto de cinco revistas só histórias de X-9, na colecção Mistério e nas microscópicas Ciclone e Condor Popular.

Página da revista Condor Popular

Regra geral, as histórias não estão repetidas nas várias publicações.
As repetições ocorrem mais no que se refere aos episódios publicados em álbum. Reedições de histórias saídas nas revistas.
Saindo das revistas e passando para os jornais, X- 9 foi publicado durante quase 50 nos no Jornal de Notícias, que publicou a última tira, datada de 10 de Fevereiro de 1996, no dia 14 de Julho desse mesmo ano .
Em álbuns foram publicados todos os episódios de Alex Raymond pela Edições 70, num conjunto de 7 albuns, e os três primeiros episódios de Al Williamson num álbum da editorial Futura. De lamentar que a publicação feita pelas edições 70 não tenha mantido a forma das tiras.




Lista de revistas onde X-9 foi publicado (possivelmente incompleta)


Acção
Agente Secreto X-9
( número único, editado pela Portugal Press em 1978)
Canguru
Ciclone
( 1ª série)
Condor Popular
Diabrete
Enciclopédia O Mosquito

Êxitos da TV
Herói
Mistério
Morteiro
Mundo de Aventuras
Mundo de Aventuras Especial
Jaguar
Jornal do Cuto
(uma das histórias foi publicada em destacável – Selecções do Jornal do Cuto - e mais tarde editada num único livro com todas as séries publicadas nesse destacável)
O Grilo
O Tico

O Pirilau
Policial
Secreto
Super Grilo

Álbuns
Edições 70 ( 7 volumes- fase de Alex Raymond)
Editorial Futura ( 1 volume)

Jornais
Jornal de notícias

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Séries de que eu gosto (5) - X-9 (2)

A evolução da personagem

Quando apareceu, X-9 era um agente secreto que não se percebia para quem trabalhava e de quem não se conhecia o nome. Apenas se sabia que um grupo de bandidos lhe matara a esposa e o filho. Seria apenas na época dos desenhos de Charles Flanders, no dia 11 de Abril de 1938, que finalmente se desvendou quem era X-9. Foi identificado como agente do FBI.
Os primeiros episódios têm contradições no argumento, com X-9 a actuar por vezes como se fosse uma gente federal e outras como um detective privado. Essas confusões dever-se-ão ao facto de o texto de Dashiell Hammett ter sido reescrito.
Hammet pretendia um detective particular, na senda das suas criações na literatura policial, enquanto que o King Features Syndicate preferiria um agente da autoridade.
O X-9 desenhado por Alex Raymond é um ser solitário que não liga aos meios para atingir os fins, actuando naquilo que se poderiam considerar as margens da legalidade. Os seus casos são de combate a gangsters que actuam isolados ou em grupo.
Os Estados Unidos atravessavam um momento de combate ao crime organizado e a série representava essa vivência.

A década de 30 entrava na recta final, aproximava-se a segunda guerra mundial, e a temática das histórias foi mudando, aproximando-se mais de casos de espionagem, aparecendo como maus os espiões das potências estrangeiras, como sucedeu na primeira aventura desenhada por Austin Briggs, onde é evidente que se pretende apresentar um alemão como o “mau da história”. Estava-se na época da ascensão do regime nazi que viria a desaguar na 2ª guerra mundial.
X- 9 é uma das séries que mais reflecte as orientações políticas do governo americano.
Se já antes da guerra isso se notava, tornou-se mais evidente após o conflito mundial, com o surgimento da guerra fria. É Mel Graff quem, além de colocar X-9 a combater os gangsters locais, o vai situar em casos de espionagem. Só que agora os “maus” são os soviéticos, de forma mais ou menos explícita.

Mell Graff marcou série durante os 20 anos que a desenhou.
Os desenhos eram organizados em tiras de três vinhetas e passou a haver um grande cuidado com os cenários. A acção desenrolava-se sobre planos bem desenhados e não sobre um fundo amorfo e indistinguível.

Tira desenhada por Mel Graff

Outra característica dos desenhos de Graff situava-se ao nível da fisionomia dos bandidos. Graff deslocava-se aos locais que os gansgsters frequentavam de forma a poder recolher os seus traços fisionómicos. Alguns, quando estavam presos, colavam nas paredes das celas as vinhetas em que surgiam retratados.
Graff foi mesmo autorizado a passear pelas prisões para melhor se documentar sobre as fisionomias dos detidos.
Foi também Graff que chamou Phil Corrigan a X-9 e o casou com a escritora Wilda Dorray, que passou a ser personagem actuante em algumas histórias, situação que continuou com o desenhador seguinte

Durante a época de Bob Lewis como desenhador a política americana mudou de rumo, com a intervenção no Vietname, e como não podia deixar de ser X-9 vai combater os comunistas asiáticos.
Aventura na Indochina publicado de 17/9/62 a 1/12/62, Contra o tigre verde publicado de 1/11/65 a 29/1/66 e Missão no Vietnam publicado de 31/1/66 a 2/4/66, são exemplos dessas passagens pelo extremo Oriente. Também o médio oriente vai ver actuar X-9 em O principe Amed, publicado de 4/4/66 a 25/6/66.
Os desenhos de Bob Lewis abandonaram a rudeza das personagens masculinas de Mel Graff, e adquiriram uma leveza e plasticidade que mais nenhum dos desenhadores da série conseguiu transmitir. A eliminação do traço limitador das vinhetas também contribuiu para isso, com os olhos a deslizarem sobre a tira sem cortes, parecendo por vezes que se está assistir a uma sequência cinematográfica. Em cada tira, duas vinhetas não tinham o limite definido por traço, enquanto que a outra o mantinha, embora de forma bastante suave.
As tiras de Lewis têm duas ou três vinhetas, e só muito raramente apenas uma.

Tira desenhada por Bob Lewis

Uma das primeiras medidas da dupla Al Williamson/Archie Goodwin,(ou dos patrões do King Features Syndicate), foi modificar o nome da série para Agente Secreto Phil Corrigan, abandonando a sigla X-9. Este facto deu-se em 1 de Maio de 1967.
No que se refere aos desenhos, Williamson começou por reproduzir os traços fisionómicos de Lewis, mas ainda durante a primeira aventura, o rosto mudou, aproximando-se da personagem criada por Alex Raymond. Mais tarde atribuiu-lhe os seus próprios traços fisionómicos.

X-9 de Williamson, mantendo os traços fisionómicos criados por Lewis


X-9 de Williamson, recriando os traços originais da autoria de Alex Raymond

X-9 na versão final de Williamson

Os rostos suaves e arredondados de Lewis foram substituídos por rostos agressivos, em alguns casos brutais, como que num retorno à época de Mel Graff, no que se refere às personagens secundárias e à de Alex Raymond no que se refere a X-9.
Williamson eliminou quase sempre o traço limitador das vinhetas, aumentando a sensação cinematográfica.

Tiras desenhadas por Williamson onde se "vê" o movimento de rastejar da personagem

Também executou com mais frequência que Lewis vinhetas só com uma tira, situação não muito comum neste tipo de séries norte-americanas, utilizando também planos sobrepostos, o que não é um modelo recorrente nas tiras dos jornais americanos, embora Lewis e até Austin Briggs já o tivessem também executado.
Em termos de conteúdo das histórias Corrigan abandonou a luta anti-comunista. Os seus casos passaram a ser muitas vezes contra organizações terroristas internacionais que traficavam armas, drogas e pessoas.
A partir de determinada altura a série passou a abordar temas do fantástico e da ficção científica. Viagens no tempo e no espaço, contacto com extraterrestres e civilizações perdidas. Grande evolução para quem começou a combater os gansgsters americanos da década de trinta do século vinte.
Outra das características desta fase foi o surgimento de inimigos que se perpetuaram ao longo de vários episódios, como a Tríade e o Dr. Seven.
Também é de referir Karla Kopak, uma personagem que surge numa referência à série Brick Bradford. Karla é filha do Dr. Kopak, uma das personagens da série. Karla participará também em vários episódios.

X-9 em luta contra extra-terrestres

sábado, 7 de junho de 2008

Séries de que eu gosto (5) - X-9 (1)

Os autores

Agente Secreto X-9, ou Agente Secreto Phil Corrigan, é uma das séries obrigatórias de referir quando se pretende abordar a história da banda desenhada.
A série foi publicada pela primeira vez em 22/1/1934 no Evening Journal. Foi criada pelo desenhador Alex Raymond e pelo escritor Dashiel Hammett, tendo surgido da necessidade do King Features Syndicate criar uma personagem que rivalizasse com a série Dick Tracy publicada pelo Daily-News.
Dashiell Hammett apenas terá escrito verdadeiramente o guião do primeiro episódio. Quanto aos três seguintes terá havido alguma alterações em relação às propostas do escritor.
Após a saída de Hammett o argumento passou para Leslie Chateris, criador da conhecida personagem da literatura policial, O Santo.
O argumentista que se seguiu foi Robert Storm, usando o pseudónimo de Max Trell, que foi o responsável pela escrita dos episódios entre 1935 e 1944.
Durante o período de Alex Raymond como desenhador da série nem todos os desenhos terão sido da sua autoria. As primeiras 24 tiras de O rapto de Phillip Shaw, o 5º episódio, terão sido desenhadas por Alan Dean.


Vinheta desenhada por Alex Raymond

Quando Alex Raymond abandonou a série em Novembro de 1935, após o 7º episódio, que terminou a sua publicação a 11 de Novembro desse ano, foi substituído por Charles Flanders, que desenhou a série até ao final da aventura que terminou em 9 de Abril de 1938.
Nicholas Afonsky pegou então nos desenhos da série durante pouco mais de meio ano, até 5 de Novembro. Austin Briggs desenhou os episódios seguintes, até 13 de Maio de 1939, data em que foi substituído por Mel Graff, desenhador da série durante cerca de 20 anos, até 12 de Março de 1960. O último episódio de Briggs foi terminado por Mel Graff, embora este não tenha assinado as tiras.


O X-9 de Austin Briggs

Durante o período de Graff alguns dos episódios foram desenhados parcialmente, ou mesmo na sua totalidade, por Paul Norris. Houve também alguns desenhos de George Gegory. Depois de Robert Storm deixar de ser o argumentista, Mel Graff passou a ser o responsável pelo guião até ter abandonado a série.

Seguiu-se Bob Lewis, pseudónimo de Bob Lubbers, que assinou o desenho e também foi autor dos argumentos, surgindo a sua assinatura pela primeira vez em 16 de Março de 1960

tira desenhada por Bob Lewis

A 30 de Janeiro de 1967 a série passou a ter novos responsáveis . Al Williamson como desenhador e Archie Goodwin como argumentista. As primeiras tiras de Williamson não foram assinadas, tendo tal facto ocorrido apenas a partir de 25 de Fevereiro.


Al Williamson

Várias vezes Al Williamsom foi substituído, como de 14 a 19 de Agosto de 1967 em que os desenhos, não assinados, são da autoria de Neal Adams. Stanley Pitt e Gray Morrow foram outros desenhadores esporádicos de algumas tiras da época de Al Williamson.
A partir de 1980 George Evans começou a assinar os desenhos, sendo também responsável pelo argumento, até ao final da série em 10 de Fevereiro de 1996.

Última tira de X-9