terça-feira, 5 de agosto de 2008

Séries de que eu gosto (8) - Blake e Mortimer (1)


Blake et Mortimer é uma série criada por Edgar Pierre Jacobs, que navega entre a espionagem, a ficção científica e o sobrenatural, sendo esta última característica contraditória com a visão científica de Mortimer.
As duas personagens são as criações mais inglesas da banda desenhada continental, com as suas frases e comportamentos estereotipados. Mortimer é um físico, embora demonstre conhecimentos em muitas áreas do conhecimento mesmo fora do ramo científico, como seja arqueologia. Blake é o chefe do MI5 .
O primeiro episódio surgiu na Bélgica no primeiro número da revista Tintin em 26/9/46.

A primeira página de Blake e Mortimer no Tintin n.º 1

Mais tarde, quando foi publicada em álbum, as primeiras dezoito pranchas de O Segredo do espadão foram redesenhadas. As diferenças são muitas entre a publicação em revista e a edição em livro.
A primeira edição em álbum foi feita em dois volumes, mas a terceira dividiu a história em 3 e introduziu como novas pranchas algumas das capas que tinham sido desenhadas para a revista.
Para as duas primeiras histórias Jacobs documentou-se apenas com fotografias e postais, mas para a terceira, A marca amarela, que por muitos é considerada a sua melhor obra, passou uma semana em Londres a recolher elementos que o ajudassem a construir o episódio.
A dupla tem um inimigo de estimação, Olrik, personagem que apenas não intervém no episódio A armadilha diabólica.
O início da série, logo após o final da II guerra mundial, mostra bem os fantasmas que sobreviveram a este conflito bélico. Tudo começa, quando a partir do Tibete, o imperador Basam-Damdu, possuidor de armas possantes e um poderoso exército, resolve conquistar o mundo. Será o “espadão”, a arma construída a partir das bases secretas da resistência, após a conquista do mundo pelos orientais, que vai contribuir para a derrota dos invasores.

As memórias de desembarques da 2ª guerra mundial no episódio O segredo do espadão

O segundo episódio, O mistério da grande pirâmide, faz um apelo ao sobrenatural e decorre no Egipto.
A marca amarela é uma história de ficção científica, passada em Londres, onde o professor Septimus, cria uma terrível máquina. Neste episódio reaparece Olrik, que em O Mistério da Grande Pirâmide parecia ter sido derrotado de vez. A sua aparição pareceu forçada mas acabou por permitir o seu reaparecimento nos episódios seguintes.
Em O enigma da Atlântida, a dupla vai até aos Açores, onde descobre o caminho que os leva à civilização perdida, mas bastante evoluída da Atllântida. De referir que numa entrevista a Vasco Granja, Edgar Pierre Jacobs afirmou ter encontrado muita dificuldade para se documentar sobre a região.
SOS meteoros leva a dupla para França, onde uma nova aventura na área da ficção científica a aguarda.
Neste episódio surge o professor Miloch que será o agente catalisador do episódio seguinte, Armadilha Diabólica, mais uma aventura de ficção científica.
Em O caso do colar a ficção científica é abandonada, e é nos túneis e caves secretas que a resistência francesa usou no combate à ocupação alemã de Paris que a aventura se vai desenrolar.
Este episódio fecha um ciclo de 3 aventuras que decorreram em França.
As três fórmulas do professor Sato foi uma história construída em duas partes. É uma narração na área da ficção científica em que surgem robots com potencialidades extraordinárias, incluindo a capacidade de se duplicarem.
É a meio desta história que acaba a participação de Edgar Pierre Jacobs. A segunda parte, embora usando o argumento de Jacobs, seria desenhada por Bob de Moor, e publicada apenas 19 anos depois da segunda, deixando os adeptos desta série numa espera que parecia interminável.

Novos episódios com outros autores foram elaborados.
Seguiram-se O caso Francis Blake, uma aventura de espionagem, A conspiração Voronov, mais um caso que envolve espionagem em plena guerra-fria, e O estranho encontro, onde a ficção científica permite o regresso do imperador Basam-Damdu.
Os episódios seguintes são os de argumento mais fraco. Os sarcófagos do 6º Continente, publicado em dois volumes, é uma aventura de ficção científica, onde também se fica a saber o passado de Mortimer. Demasiadas misturas na história, com a narração mal desenvolvida quer em relação ao passado quer em relação ao presente,
O santuário de Gondwana acaba por ser quase uma terceira parte de Os Sarcófagos do 6º continente, de tal modo a história está ligada ao episódio anterior. Mais uma vez a narração não foi desenvolvida convenientemente. Este último episódio conduz mais uma vez ao campo do fantástico com a descoberta de uma civilização perdida.
Estão em projecto mais duas aventuras.

A Maldição dos Trinta Denários ( 1º volume) volta a fazer subir a qualidade do argumento. O regresso de Olrik e um Blake práticamente ausente da história, criam a vontade de esperar pelo 2º volume.

1 comentário:

Pedro Roldão disse...

A Maldição do Trinta Denários 2 foi um desastre no que concerne ao desenho. Bem sei das circunstâncias, mas deveria ter sido adiado, para que houvesse tempo para encontrar um desenhador à altura.
Gostei da Onda Septimus.