O conteúdo
A mudança de formato do Mundo de Aventuras foi praticamente a única novidade que surgiu com a transformação. As séries mantiveram-se globalmente as mesmas. A selecção de histórias que vinha da anterior série de numeração não se alterou, podendo afirmar-se que o maior ganho residiu no facto de se poderem ver as tiras das séries provenientes de jornais inteiras, assim com as páginas do Príncipe Valente sem remontagem das vinhetas.
Houve um forte abuso das histórias das páginas dominicais, mais curtas do que as das tiras, provavelmente para acabar de preencher a revista.
Novidades? Quase nenhumas.
Continuou o mau hábito de não indicar o autor de algumas das histórias, nas situações em que essa identificação seria possível, e de fazer desaparecer a assinatura nas tiras ou as datas e o ano de publicação.
Tira de Rip Kirby com data e assinatura apagadas
A predominância dos clássicos americanos, distribuídos quase na totalidade pelo King Features Syndicate, é o facto mais evidente. Do material vindo dos Estados Unidos escapam a este monopólio a ecológica série Mestre João, Mark Trail no original, e Steve Canyon.
Das 112 histórias publicadas nestes 53 números, 69, mais de metade, têm essa proveniência além-atlântico, destacando-se Fantasma, com 11 histórias e Big Ben Bolt com 10, embora 4 delas sejam no mesmo número da revista, todas seguidas e sem indicador de separação.
De Big Ben Bolt nada a salientar, mostrando já o declínio da série, e do Fantasma há duas ou três histórias interessantes, a começar logo com a publicada no n.º 1, com 150 tiras, e que foi a primeira do desenhador Sy Barry. Também Os piratas do ar publicado no n.º 20 foi uma aventura com interesse.
Com Mandrake a situação é semelhante, com as pequenas histórias sem interesse das páginas dominicais. Salienta-se O mundo da droga, em tiras diárias, que dá mais um episódio da interessante luta entre o mágico e a organização criminosa 8.
Rip Kirby surgiu com as aventuras possíveis para a época, já com histórias menos interessantes que as do início dos anos sessenta. Era o que havia. De salientar no número 10, A bela condessa, e O segredo do velho mineiro no número 34.
De Johnny Hazzard pode dizer-se o mesmo que para Rip Kirby, só que um bocadinho para pior. Aliás o herói iria "morrer" dentro de poucos anos dada a sua falta de interesse.
As histórias de Steve Canyon não eram nada de entusiasmar, mas só pelos desenhos de Milton Caniff valia sempre a pena ler os episódios.
Tira de Steve Canyon
De Brick Bradford, por Paul Norris, também surgem 4 aventuras. Fracas as provenientes das páginas semanais, de melhor qualidade O homem dos dólares de prata, no último número deste formato, proveniente da tira semanal.
Tim Tyler das páginas dominicais é mau, com histórias sem argumento e desenhos de qualidade que não entusiasma. Melhora um bocadinho nas tiras diárias.
Princípe Valente continua a sua saga que já vem do outro formato. Desenho de qualidade, argumento com interesse variável. Apesar do formato gigante da revista, a primeira vez que é publicado, no número 26, as páginas originais são destruídas, não se publicando a história com a estrutura primitiva.
De salientar o início da publicação de Hagar no número 42. Uma lufada de bom humor. Pete o vagabundo, no número53 é mais uma série humorística americana.
Vinheta de Hagar
Capitão Kate fez a sua estreia no Mundo de Aventuras com uma pequena história da página dominical, que não permitiu vislumbrar grande interesse na série.
Flash Gordon semanal não entusiasmou em O mundo Robot.
As histórias de X-9, se descontarmos algum empenhamento político pró-americano do argumento, são da fase mais interessante de Bob Lewis, a fase inicial.
Saxon, de Ken Bald, é mais uma série que surge no nº 36, mas que não deixou rasto.
O mesmo sucedeu com Steve Roper, que surgiu numa história interessante no número 39, e que teve que esperar oito anos para ver mais um episódio publicado na revista.
O Mestre João tem duas páginas para falar acerca da natureza.
Dos Estados Unidos surgem duas pequenas histórias de Western desenhadas por Al Williamson. O argumento é mau e não dá para perceber o desenho. A impressão foi de má qualidade.
Ainda dos EUA chega uma história de Tarzan, remontado, sem se perceber se o original era tira ou não. Sem grande interesse.
Também dos jornais, mas de Inglaterra, continuam algumas boas séries: Paul Temple, Garth e Matt Marriott, que se apresentam num total de 11 histórias
De Garth sakliento uma excelente historia no n.º 12, desenhada por Frank Bellamy, com uma viagem no tempo à Veneza dos Bórgias. Das melhores histórias deste autor.
Tira de Garth em Uma Aventura em Veneza
A vingança de urso corredor, no número 17, e Uma nota de 10 dolares no número 24 são a prova do mal que o formato anterior fez à excelente série Matt Marriott.
Paul Temple, que surge por seis vezes, apresenta sempre histórias policiais interessantes do ponto de vista do argumento, com desenho de qualidade.
Vinheta de Paul Temple
Da Inglaterra, provenientes de várias revistas, continuava a publicação de um conjunto de séries e histórias pouco entusiamantes, situação que era um prolongamento do formato anterior. Logo no número dois surgem uns Ases Derrapantes que derraparam de vez e ninguém mais os viu, uma House of dolmann para esquecer, e um Typhoon Tracy, também conhecido por Ciclone Tracy e Furacão Tracy, que nunca mais era levado pelo vento, visto ter voltado à revista mais três vezes.
General Johnny foi mais uma série a querer mostrar a supremacia inglesa na 2ª guerra mundial.
Surgiram O maravilhos mini carro e A família selvagem, com histórias que por si não fizeram elevar o nível da revista.
Deste pacote inglês de realçar o inicio de O justiceiro da floresta que nos levava à Idade Média inglesa. Razoável.
Os Maravilhosos Wild não convenciam, quer em termos de desenhos, com as suas personagens de olhos arregalados, quer em termos de argumento. Também o Cérebro Drayne, com apenas uma história não deu ver o que valia.
Neste grupo vindo das revistas inglesas há 15 histórias a contabilizar.
Sem comentários:
Enviar um comentário